Depois de 27 perdas, entendi o essencial

Antes pensava que ganhar dependia das probabilidades. Sentava à minha mesa às 3 da manhã, observando o brilho da tela como os tambores do carnaval do Rio — cada aposta era uma prece pela sorte. Segui cada sequência, até perder vinte e sete vezes, perseguindo o mito do “próximo grande ganho”. Meu terapeuta chamou de “jogo emocional”. A plataforma era RNG certificada — justa e transparente. Mas justiça não me curou. O que foi? Silêncio. Após a 27ª perda — não raiva, não culpa — mas quietude. Parei de apostar. Comecei a notar como a casa respirava: padrões lentos nas mesas clássicas, ritmo suave do samba entre as cartas. Não velocidade. Não ruído. Apenas respiração. O verdadeiro prêmio não eram fichas ou bônus. Era saber quando partir. Comecei a registrar vitórias como rituais — não resultados — como se cada rodada fosse um passo de dança na floresta tropical. Nada mais de perseguir tendências. Nada mais de armadilhas “gratuitas”. Minha mãe — professora — dizia: “Algumas coisas não retornam até você parar de perguntar.” Meu pai — veterano — ensinou-me: guerra não se ganha por força. É ganha por quietude. Agora jogo só quando meu gato pula no teclado. E quando ela ronrona? É então que sei que chegou a hora.